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Pelos corredores, ruas e entornos do HU O dia a dia no hospital universitário da UFSC

O Hospital Universitário Polydoro Ernani de São Thiago da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) foi inaugurado em 1980. Localizado na cidade de Florianópolis, atende toda a região através do Sistema Único de Saúde (SUS) e é o único hospital federal do Estado de Santa Catarina.

HU, como é conhecido, possui atendimento médico e odontológico. A emergência assiste as áreas de adulta, pediátrica, ginecológica-obstétrica. Conta com uma maternidade, que é reconhecida nacionalmente como Centro de Excelência em assistência obstétrica, e serviços de média e alta complexidade.

Além de atender a população, o HU também é um hospital escola. Oferece estágios para estudantes de Medicina, Odontologia, Biblioteconomia, Engenharia Biomédica, Farmácia, Nutrição, Psicologia, Nutrição e Serviço Social. Também conta com 106 vagas de residência médica. Assim, cumpre os três pilares da Universidade: ensino, pesquisa e extensão.

O HU UFSC se relaciona com a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). A agenda conta com 17 objetivos para melhorar a qualidade de vida da população. O terceiro objetivo dessa lista é garantir acesso à saúde de qualidade e garantir o bem-estar de todas as idades. Diante disso, o HU atende a população da Grande Florianópolis de forma gratuita, garantindo acesso a serviços de saúde essenciais de qualidade, acesso a medicamentos e vacinas.

Além desse objetivo, o HU UFSC também promove o crescimento econômico e sustentável, objetivo oito da Agenda 2030. Conforme o mapa estratégico, o hospital promove a formação e capacitação multiprofissional para a saúde. Assim, gera emprego de qualidade para profissionais da saúde, promovendo um ambiente seguro e protegido.

Além disso, o HU UFSC participa do Humaniza SUS. É um projeto do Ministério da Saúde que promove ações direcionadas à valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde: usuários, trabalhadores e gestores.

Fachada do HU/UFSC

Alguém me atende!

- Não vai dar, estou com muita dor. Vou ter que ir ao hospital para descobrir o que eu tenho no ouvido.

Por telefone, minha mãe concordou comigo e deu seu palpite - talvez tenha entrado água durante a nossa viagem à Angra dos Reis, seis dias antes. Eu estava evitando ao máximo ir ao hospital, mas a dor só aumentava e eu passei a não escutar muito bem o que as pessoas falavam para mim. O pior era no almoço. Com o Restaurante Universitário lotado, mal conseguia entender as piadas que meus novos amigos faziam do outro lado da mesa. O conselho deles era sempre o mesmo. Vá para a Emergência do Hospital Universitário! E eu fui.

Às 15 horas, me aproximando da porta, já notei a grande quantidade de pessoas tanto dentro da sala de emergência quanto sentadas na escada da entrada. Era final de abril, a pandemia de covid-19 e o aumento de casos de dengue contribuíam para a alta demanda de atendimento. Adentrei a sala e fui direto para a longa fila de cadastro. A recepcionista me orientou a achar uma cadeira e ficar sentada até a enfermeira me chamar para a triagem. Pela expressão de insatisfação e irritação de todos os pacientes, percebi que ia demorar. Sentei e esperei. Meia hora, uma hora, duas horas e nada. As pessoas não paravam de chegar, mas poucas eram atendidas. Comecei a reparar que muitas mulheres entravam com crianças de colo buscando assistência para os pequenos, mas a recepcionista falava algo e elas iam embora. Depois de conversar com mais de dez mães, ela saiu da cabine e gritou para todos os presentes ouvirem. A UTI infantil está lotada e as crianças estão ficando no ambiente da emergência pediátrica, então o serviço está parado até que alguma maca fique vazia. É entristecedor ver que os mais vulneráveis são os mais afetados pela baixa qualidade da saúde pública no Brasil.

Uma mulher alta e loira segurava um menino de aproximadamente cinco anos, com um ursinho na mão. Mesmo após o comunicado, ela se manteve de pé, esperando por um médico. Ao mesmo tempo, mãe, pai e duas filhas entravam na emergência. Apesar de terem sido encaminhados para as cadeiras exclusivas para pessoas com sintomas respiratórios de covid-19, nenhum deles usava máscara. A possibilidade de contagiar os outros pacientes não os impediu de darem um passeio pelo ambiente. Todos se olhavam com receio, e a senhora sentada do meu lado direito não deixou de sussurrar o quão sem noção eles eram. Foi então que a loira com o filho no colo começou a gritar com a família. Aqui está cheio de crianças doentes, que ainda não podem tomar vacina, e vocês andando por aí com covid e sem máscara! Acham que estão num shopping? Vão sentar a bunda no canto de vocês! Desde que eu havia chego, esse foi o primeiro momento que a emergência ficou silenciosa - uma mistura de choque, admiração e aprovação. A bronca funcionou, os quatro voltaram para as suas cadeiras. Apesar da pandemia ter sido tratada como uma questão de saúde pública, algumas pessoas ainda não entenderam que a doença é um problema coletivo.

Já eram 20 horas e eu não aguentava mais esperar. Minha barriga roncava e minha cabeça doía. Algumas pessoas estavam aguardando serem chamadas desde às 9 da manhã, e eu considerava seriamente voltar para casa e ir em um médico particular no dia seguinte. De olhos fechados, pensando no que faria, escutei o homem sentado do meu lado esquerdo falar para a esposa fingir que estava com muita dor. Só assim você vai ser atendida, amor! Você diz que a dor na barriga piorou e está quase desmaiando, e aí eles te levam para dentro. Aparentemente, a companheira não gostou da ideia e não seguiu com o plano. Talvez a dor dela era apenas fome - eles pediram um iFood, jantaram dentro da emergência e foram embora lá pelas 22 horas. Eu deveria ter seguido o conselho do desconhecido e fingido desmaio, porque fiquei sete horas esperando ser atendida e fui embora sem ser avaliada. Tive que marcar uma consulta em uma clínica no dia seguinte.

Penso naqueles que não têm condições financeiras de pagar por atendimentos particulares e dependem totalmente do SUS. A precarização da saúde afeta os mais necessitados, que precisam faltar no trabalho e gastar horas em filas para verem um médico. A situação pode ser ainda pior - alguns apenas ignoram a necessidade de atendimento e seguem suas vidas normalmente. Só resta torcer para que suas condições não se agravem e que consigam garantir seu direito básico de acesso à saúde.

O HU UFSC possui 10 salas para atendimento de emergência.

Você sabe quando deve procurar a Emergência do HU?

Cadê o médico?

Imagine, leitor, torcer o pé enquanto caminha pelas ruas esburacadas de Florianópolis e aguentar ele machucado por dias, sentindo muita dor. Você não tem carro e se locomove à pé, então o incômodo é inevitável. O Hospital Universitário está a apenas 850 metros da sua casa, e você finalmente arranja um tempo na sua rotina agitada para ir até lá, mancando. Depois de um trajeto doloroso e cansativo, você chega na recepção da emergência. O barulho das vozes dos pacientes que aguardam atendimento não te impede de ouvir a notícia, nem um pouco animadora, dada pela recepcionista - não há ortopedistas na emergência do HU. Minha amiga Laura Miranda vivenciou essa situação em maio deste ano, apenas um mês depois de termos nos conhecido. Incrédula com a situação, ela só teve uma alternativa - ir de Uber até o Hospital Governador Celso Ramos, no Centro.

Me pergunto onde estão os médicos do único hospital federal do Estado de Santa Catarina. São 42 anos de muita história, que culminaram em uma realidade preocupante, marcada pela falta de profissionais especializados. Quem olha os prédios de tijolos vermelhos e brancos, sujos, não imagina que a infraestrutura interna conta com 403 leitos. Deles, 354 são da Unidade de Internação e 49 da Unidade de Tratamento Intensivo, além das 58 salas de ambulatório, 10 salas para atendimento de emergência, 7 salas do Centro Cirúrgico e 2 salas do Centro Obstétrico. A movimentação dos pedestres, a quantidade de carros nos estacionamentos e o som de sirene das ambulâncias mostram que não faltam pacientes para ocupar tudo isso - o Hospital Universitário atende toda a região através do Sistema Único de Saúde. A pandemia de covid-19 agravou ainda mais a situação, já que agora há uma demanda reprimida de cirurgias, consultas e exames. O HU funciona com 1.669 trabalhadores no total, incluindo os assistenciais e os administrativos.

Mas onde estão os médicos, enfermeiros e técnicos, que fazem muita falta na emergência e nos corredores internos do hospital? O dia a dia no hospital é corrido e os centros de atendimento e consultas estão sempre cheios das mais diversas pessoas. Mesmo assim, essa quantidade de trabalhadores não é ideal ou suficiente. Os serviços da Emergência Pediátrica, por exemplo, foram suspensos do dia 15 até o dia 24 de outubro. A medida foi adotada devido à falta de profissionais especializados. O hospital de tal porte conta com apenas dois pediatras para atendimento na emergência e na unidade de internação, apresentando um déficit de oito médicos na escala.

Além de atender a população, o HU cumpre com os três pilares da UFSC - ensino, pesquisa e extensão - e serve de hospital escola para os universitários. Estudantes de medicina, odontologia, biblioteconomia, engenharia biomédica, farmácia, nutrição, psicologia e serviço social podem fazer estágio lá. Há também 106 vagas de residência médica. Apesar da oportunidade, os alunos, aparentemente, não têm vontade de compor a equipe de trabalhadores. Coincidentemente, um colega, que fez o ensino médio comigo em São Paulo, começou o curso de medicina na UFSC. Apesar de estar apenas no primeiro semestre, ele me contou certo dia que os próprios professores desencorajam os acadêmicos a trabalharem lá, por ser um hospital público. O mais recomendado é ir para um particular ou para uma clínica. Escolher ter menos trabalho e mais dinheiro, ao mesmo tempo em que, nas redes sociais, dizem ter escolhido a medicina por amor. Amor ao próximo ou à conta bancária cheia?

Não é raro ouvir médicos dizerem que têm o sonho de ajudar os mais necessitados e fazer trabalho voluntário na África. A Cruz Vermelha e o Médicos sem Fronteiras são referências de ajuda médica, sem dúvidas. Talvez eles precisem de uma consulta com um oftalmologista, porque não estão vendo que o pedido de ajuda está logo ali na Trindade, na esquina entre a Rua Professora Maria Flora Pausewang e a Rua Delfino Conti.

Heróis sem capa

Depois de alguns dias indo ao HU e conhecendo mais o lugar e os trabalhadores, me perguntei qual seria a visão das pessoas de fora sobre ele. O que você, leitor, pensa quando escuta a palavra hospital? Muitos médicos, talvez, e a maioria brancos. Enfermeiros também, principalmente mulheres. A pandemia de covid-19 e o combate na linha de frente feito por esses profissionais da saúde. Muitos enfermos deitados em macas brancas. Sons de dor e de sirenes das ambulâncias. O cheiro característico das alas médicas e o clima de tensão no ar. Dificilmente alguém, logo de cara, cita os seguranças que organizam a entrada da emergência. Ou a equipe de limpeza especializada em retirar os rejeitos hospitalares - de bolsas de sangue a bisturis e seringas usadas. Até mesmo os responsáveis pela manutenção dos equipamentos são deixados de lado. Nas diversas reportagens sobre a rotina cansativa dos profissionais do Hospital Universitária, os personagens principais são médicos e enfermeiros. Fora dos holofotes estão os heróis sem capa, os trabalhadores braçais e na maioria dos casos, terceirizados.

O hospital não conseguiria se manter sem eles, apenas com profissionais da saúde. A instituição é como uma grande máquina que só opera se todas as engrenagens estiverem bem colocadas e em bom funcionamento. É claro que a atuação das equipes de saúde foi essencial no combate ao coronavírus. Elas tiveram que enfrentar jornadas de trabalho longuíssimas, com mais de 40 horas semanais, e a possibilidade de contaminação - própria e da família - em prol da saúde coletiva. O desgaste foi tanto que mais de 90% dos médicos brasileiros tiveram impactos diretos na vida pessoal ou profissional, principalmente estresse e pânico, segundo pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Medicina. Porém, eles não foram os únicos a sentirem as consequências físicas e emocionais. Da mesma forma, a equipe de limpeza ia para o trabalho temendo se infectar pelos resíduos contaminados. As recepcionistas da emergência, em contato direto com pacientes o dia inteiro, também tinham medo de levar a doença para casa, para seus filhos e parentes. A superlotação do HU fez com que os equipamentos utilizados precisassem de inspeção regularmente, e a equipe de manutenção trabalhou por muitas horas além do previsto no contrato. Em todos, reinava a expressão de cansaço. As máscaras faciais, apertadas, deixavam marcas na pele do rosto, além das rugas e olheiras.

Acredito que o apagamento desses profissionais está ligado ao elitismo da sociedade brasileira. Trabalhadores bons mesmo são aqueles médicos que tiveram condições financeiras de estudar em colégios privados, com corredores limpos, ares-condicionados nas salas e lanchonetes refinadas. Os que ingressaram em universidade particular e puderam se dedicar exclusivamente aos estudos, sem se preocupar em ter uma fonte de renda. Os serviços braçais, historicamente, são considerados inferiores e indignos. Um trabalho duro mas desvalorizado, relacionado às pessoas de baixa renda. Até que a mentalidade social não mude, os seguranças, recepcionistas, faxineiros e técnicos de manutenção vão continuar invisíveis nos estreitos e nebulosos corredores do hospital.

O profissional de limpeza hospitalar é essencial para o funcionamento do hospital. A higienização do hospital previne a ocorrência de infecções relacionadas à assistência à saúde.
Conforme a OMS, os locais onde uma boa higiene das mãos e outras práticas custo-efetivas são adotadas, 70% dessas infecções podem ser evitadas.

Enquanto a chuva cai

De certa forma, o hospital reflete as questões atuais da nossa sociedade. Uma forte chuva, típica do verão em Florianópolis, cai durante toda a manhã de uma segunda-feira. Me abrigo na entrada da ala reservada para consultas agendadas, esperando o temporal diminuir. Ouço, então, por cima do forte barulho da água, dois homens conversando. Sentados próximos um do outro, separados por uma cadeira ocupada por uma jarra térmica de café e copos descartáveis, eles discutem sobre a participação do país na Copa do Mundo 2022. Foi só o Tite colocar o time reserva em campo que o Brasil perdeu, comenta o mais velho, olhando para a chuva, pensativo. Perdeu? Contra quem? O mais novo, de óculos, avental e mexendo no celular, parecia não acompanhar o evento mais falado do momento. Foi 1 a 0, contra o Marrocos, afirma o mais velho. Eu não me intrometo na conversa, mas corrijo mentalmente a fala do homem - o jogo tinha sido contra o time de Camarões. Sua esposa, então, parece que lê meu pensamento e entra na discussão. Marrocos, você tem certeza? Acho que sim… ou foi contra a Tunísia, responde o marido. Sabia que eles eram colônia da Inglaterra? Mais uma vez retifico, para mim mesma, a afirmação - o país africano foi colonizado pela França. A discussão, com algumas fake news embutidas, seguiu entre o casal. O homem mais novo, que antes participava na conversa, não levantou mais o olhar da tela de seu celular.

Do outro lado da rua, uma pracinha coberta e com quatro bancos servia de abrigo para um morador de rua. Ele estava sentado, também apreciando a chuva que caía. Seus poucos itens - uma manta cinza, uma mochila de costas e um cobertor - estavam espalhados pela única parte seca do chão. O homem, que não aparentava ter mais de 35 anos, tinha o olhar distraído e pensativo. Será que refletia sobre o fim da chuva e para onde iria depois? Ou estava pensando em qual seria a sua próxima refeição? Não sei o que estava passando na mente dele, mas duvido que seja algo sobre a atuação do time brasileiro ou sobre qual país foi colônia de qual. Apesar dos olhares dos dois homens seguirem para o mesmo lugar - a chuva que caía no meio da rua - eles não se encontraram. Assim como os pensamentos dos dois eram muito distintos, as realidades vividas por cada um também eram opostas.

O Hospital Universitário é capaz de reunir as mais diferentes pessoas. Médicos que estudaram anos em cursinhos para entrar na faculdade, técnicos que nunca imaginaram que trabalhariam no HU, pacientes que frequentam regularmente o hospital e visitantes que não esperavam ter que visitar um parente doente. As desigualdades que vemos nas ruas do Brasil, sejam elas sociais ou econômicas, também são marcantes no ambiente hospitalar. Se engana quem acredita que a falta de moradia e a fome, por exemplo, são problemas sociais localizados. Porque, separadas por apenas uma rua de paralelepípedos, essas realidades coexistem até mesmo dentro do HU.

Adeus, Dona Vânia

Abri o portão do meu prédio e saí em direção à UFSC, achando que seria uma terça-feira qualquer de outubro. Se eu andasse rápido, conseguiria chegar na sala de aula em doze minutos - já estava meia hora atrasada para a aula matinal de yoga. Virei a esquina com o guarda-chuva na altura dos olhos, debaixo de uma forte chuva com vento, típica de Florianópolis. Ao mesmo tempo, terminava de guardar as chaves no bolso da mochila. Foi apenas quando levantei o olhar que observei duas ambulâncias paradas na calçada. Sem entender o que estava acontecendo, apenas avistei um corpo branco no chão sujo e cheio de poças de água preta. A camiseta da pessoa, até então irreconhecível, foi tirada pelos quatro médicos que se encontravam ajoelhados ao seu redor. Os seios da desconhecida estavam à mostra. Seu corpo era cheio de curvas, os braços eram grossos e os cabelos crespos e escuros de comprimento mediano consistiam em nós e mechas molhadas. Paralisada com a cena, eu fiquei em pé, a apenas dois metros do corpo pálido. Mesmo perto, parecia que eu assistia a cena de longe. Dez segundos, um minuto, cinco minutos, não sei por quanto tempo permaneci parada ali. O barulho da chuva aparentava estar ainda maior, se unindo ao som das buzinas que passavam pela rua. Não está respondendo, estamos perdendo os sinais, gritou um dos socorristas. Naquele momento, senti que ali, espalhado no chão, era apenas um corpo frio e sem vida.

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Trabalho final da disciplina Jornalismo Online e Narrativas Digitais. Disciplina ministrada por Fabiana Piccinin e Rita Paulino. Estágio docente por Ivone Ananias dos Santos Rocha.

Texto, imagens e site feito por Clarisse Claro e Leticia Schlemper
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