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Pega de boi no mato Coragem, cultura e tradição

A pega de boi no mato, diferente da vaquejada de arena, acontece no meio da caatinga. Os vaqueiros vestidos com terno de couro (gibão), entram dentro do mato, em cima dos seus cavalos, para pegar o boi. É uma versão rústica e de muita coragem, que utilizam técnicas e estratégias específicas, para tirar o crachá dos animais. Cada um possui no crachá um número único na vaquejada, que os identificam. Os vaqueiros podem correr em dupla, trio ou grupo.

O único bioma exclusivamente brasileiro, a caatinga, tem como características a presença de cactos, árvores baixas, troncos tortuosos com folhas e alguns também com espinhos.

Flavio Alencar e Isac Santos com 14 anos, são primos, estudam juntos e compartilham da mesma paixão, mas correm em equipes diferentes. Filhos e netos de vaqueiros, Flavio começou a correr profissionalmente aos 10 anos e Isac Santos aos 11 anos, ambos tiveram a experiência de correr com o seu respectivo pai, em algum momento.

Os animais geralmente ficam em confinamento desde à noite anterior à corrida.

Muitos vaqueiros antes da corrida pedem a proteção divina, essa fé é tão forte que há até comercialização de artigos religiosos, juntos com outros objetos nas vaquejadas.

Antes de prender o boi no "jiqui", é necessário retirar um papel para saber qual prêmio está valendo a corrida, posteriormente o boi é selecionado e em seguida solto.

A saída do curral concentra maior público, pois muitos vão acompanhar o início da corrida de familiares, amigos e há momentos que até o boi tem torcida.

A saída é muito rápida e em poucos segundos, somem mata a dentro, é comum também populares ficarem dentro da mata torcendo para a corrida passar por perto deles.

É o esporte que eu amo. Quando corro, a sensação é boa e quando pego o boi, a sensação é bem melhor"

Ronildo Andrade

Depois de uma corrida bem sucedida, é hora de retirar o prêmio. A escolha é feita olhando por fora do curral e em seguida entra e captura o prêmio escolhido.

Uma das preocupações é água para os animais. No sertão o clima é seco, por isso, geralmente um carro pipa fornece água durante o evento.

Eu tenho 18 anos que corro, já quebrei braço, fiquei com cicatriz feia, mas aquele ditado só deixo quando morrer"

Adailton Santana

Todas essas fotos são registros da vaquejada realizada na Fazenda Velha Pé da Torre, em Gararu Sergipe, o evento teve uma vasta programação nos dias 22 e 23 de abril, com vários artistas, e com a participação de vaqueiros dos estados de Pernambuco, Bahia, Sergipe e Alagoas. Na organização de Zé Toicinho.

Em Sergipe, a cidade de Porto da Folha é conhecida como a rainha das vaquejadas, tem há mais de 50 anos a tradicional pega de boi no mato, no Parque Nilo dos Santos, desde da sua fundação pelo Frei Angelino, a festa que é realizada no mês de setembro só não foi realizada durante a pandemia da Covid.

Em 2016, o STF derrubou uma lei no Ceará que legalizava a prática esportiva, com isso os amantes do esporte protestaram em 11 estados e no Distrito Federal conseguindo manter essa tradição legalizada e viva até os dias atuais.

Só quero te explicar, que a vaquejada aqui pra nós é uma tradição, esse alguém que levou a queixa pro doutor, não conhece nossa história, nem nossas tradições. (Taty Vaqueira)

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