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Via Gastronômica de Coqueiros Revista Comida com História

Ou quem sabe uma moqueca de peixe?

Prefere marreco recheado? Ou lula? Um bom drinque?

É só escolher o que você quer comer, que a Via Gastronômica de Coqueiros tem.

Só que esse destino tem muito mais do que comida boa.

Ele tem história, cultura, natureza exuberante, muita animação e até lendas! Muita gente não sabe, mas o bairro era o destino preferido de banhistas nos anos 1960 e 1970, além de ter sido inspiração pra vários artistas locais.

Mas por mais que Coqueiros continue encantando, o que tem levado um montão de gente até lá ainda hoje é sua gastronomia.

Via Gastronômica

Com o crescimento do bairro, muitos estabelecimentos gastronômicos foram aparecendo. E para atrair moradores de outras localidades da cidade e turistas, proprietários de locais ligados à alimentação criaram, em 2006, a Via Gastronômica de Coqueiros.

O roteiro vai do início de Coqueiros até o final de Itaguaçu.

A Via Gastronômica se transformou na rota mais diversificada de toda a cidade.

As opções vão desde frutos do mar, carnes e pizzas, passando por botecos, restaurantes japoneses, cafés e sorveterias. O que não falta na Via Gastronômica de Coqueiros é opção de alimentação e diversão!

Entre os clássicos, a Toca do Paru, que existe na Praia das Palmeiras desde 1992.

O restaurante é famoso por ser dentro de um rancho de pescador.

Outro ponto tradicional da Via Gastronômica de Coqueiros é o Rei do Bacalhau, onde a Dona Henriqueta serve o mais delicioso bacalhau da cidade desde 2003.

Já o Bolha’s Bar, encravado no canto esquerdo da Praia do Meio, serve lanches e petiscos acompanhados de cerveja bem gelada.

E o Recanto das Pedras, que oferece frutos do mar e petiscos.

Uma combinação ideal para um happy hour de frente para o lindo pôr do sol da Praia de Itaguaçu.

Mas a Via Gastronômica de Coqueiros tem muito mais...

Cada um dos mais de 25 estabelecimentos que hoje fazem parte da rota tem uma história própria ligada ao bairro.

By Cuca Restaurante

O By Cuca Restaurante, por exemplo, tem a moqueca mais famosa da região.

Aberto em 1985 como Bar do Fedoca, o negócio familiar funciona no mesmo local desde o início.

Ele fica nos fundos da Praça Governador José Boabaid, também chamada de Praça do Meio.

Ali, faça chuva ou faça sol, a vista é estonteante.

A sócia proprietária Bianca Sá Salgado de Oliveira, filha do Fedoca e da Cuca, diz que o restaurante é como se fosse seu irmão mais velho, já que ele foi aberto poucos meses antes dela nascer.

“Ele tá dentro de mim, né? Aqui eu me sinto em casa”.

Bianca conta que o cardápio atual teve adições interessantes como os risotos, mas que as moquecas continuam sendo o carro chefe da casa. E ela sugere não deixar de provar a lula ao alho e óleo, pois é um prato feito com lula pescada na região.

Uma curiosidade sobre o local é que na mesma praça, em direção ao mirante que fica em cima do mar e foi recém renovado, existem ruínas de uma construção de salga de pescados.

Os barcos de pesca levavam os peixes ali para a salga e depois os transportavam para o Mercado Público de Florianópolis.

Uma história que conecta ainda mais o By Cuca Restaurante com o mar e a trajetória do bairro.

“Eu realmente agradeço todos os dias pelo local onde a gente tem o restaurante, pela vista que a gente tem, porque é muito bonito, é um cantinho bem especial”, reflete Bianca.

Boteco Zé Mané

Saindo do By Cuca, uma curta caminhada leva até a casa mais original de toda a Via Gastronômica de Coqueiros. Amarela com janelas azuis, a construção por si só é um atrativo, mas o que chama a atenção é o movimento.

O Boteco Zé Mané tem sempre um fervo de gente durante seus horários de abertura.

Entre as atrações do cardápio, coxinha de feijoada e inúmeras opções de caipirinhas.

O estabelecimento também oferece samba raiz de qualidade e comidas de boteco feitas 100% dentro da cozinha da casa.

Uma das proprietárias, Ângela de Azambuja Monguilhott, relata que a prioridade é manter a qualidade no padrão de tudo o que servem. Aberto em 2011, o Zé Mané talvez tenha sido uma inspiração para outros bares e restaurantes abrirem em Coqueiros.

Pelo menos é o que acredita Ângela.

“Logo que a gente inaugurou, a Revista Veja Comer e Beber nos premiou com três prêmios. Foi uma surpresa! E essa referência que a gente trouxe como ponto gastronômico fez com que outros pontos gastronômicos viessem para cá.”

O que não é de se surpreender. Tudo no boteco é muito pensado, começando pelas cores da casa.

“A gente manteve as janelas azuis porque eram originais da casa, e a cor amarela foi uma referência ao Mercado Público, que na época estava passando por revitalização e a gente conseguiu pegar exatamente a mesma cor que eles utilizaram lá”, conta Ângela (à direita na foto com Leila Cristiane Pinheiro, sua sócia e esposa).

Um local que levou ao bairro preservação de patrimônio arquitetônico, tão difícil em novos negócios hoje em dia, alegria e lealdade, afinal, o Boteco Zé Mané abraçou Coqueiros como sua casa.

“Entender que o boteco cresceu com o bairro, que o bairro cresceu com boteco, eu acho que é uma troca né”.

Restaurante Lindacap

A história do Zé Mané é bem diferente da de outro estabelecimento que recentemente chegou ao bairro, mas que tem uma relação de 60 anos com Florianópolis. É o Restaurante Lindacap, que durante 57 anos esteve no mesmo endereço no Centro da capital catarinense.

Em 2022 passou a fazer parte da Via Gastronômica, trazendo tradição e renome para a rota.

Na terceira geração da família administrando o negócio, agora sob os cuidados de Caroline Bortolotti de Pellegrini, o Lindacap é um dos restaurantes mais antigos em atividade em Santa Catarina.

O mais legal dessa história é que o chef que comanda a cozinha é o mesmo desde 1965.

Ivo Schereiber está desde os 16 anos trabalhando no empreendimento.

É ele o responsável por introduzir no cardápio o marreco recheado, prato mais pedido da casa. E durante o inverno, a tradicional feijoada do Lindacap continua sendo servida, pra alegria das famílias que mesmo com a mudança de endereço continuam frequentando o restaurante.

Alguns desses clientes acompanharam a trajetória do garçom Alindo Bortolotti e de sua esposa Rovena, que em 1964 foram convidados para administrar o restaurante, já que o então proprietário morava em Blumenau.

Com o passar do tempo eles ficaram sócios, e na década de 1970 viraram donos.

Pois esse local que já teve Pelé apreciando sua renomada gastronomia foi, durante muitos anos, atração turística dos visitantes que passavam por Florianópolis, que incluíam uma refeição no Restaurante Lindacap durante sua passagem pela ilha.

Um motivo a mais pra visitar Coqueiros, esse local mágico e encantador.

Um pouco mais sobre Coqueiros

O bairro continental mais charmoso de Florianópolis só veio a fazer parte da cidade a partir de 1943.

Até então ele integrava a vizinha São José.

As praias de Coqueiros foram as primeiras orlas da capital catarinense.

Elas passaram a ter ainda mais movimento depois da construção da Ponte Colombo Salles, em 1975. A ponte facilitou o acesso ao bairro, e foi uma mão na roda para quem queria se refrescar longe da poluição da Avenida Beiramar Norte.

Mas não tem como falar do bairro sem falar de sua continuação em direção à Praia das Palmeiras. Mais pacata, Itaguaçu serviu de palco para uma das lendas mais conhecidas do folclorista Franklin Cascaes.

O Salão de Festas das Bruxas de Itaguaçu.

São as pedras dessa praia, que parecem flutuar sobre o mar, que entram na história.

Segundo a lenda, as bruxas fizeram uma festa e não convidaram o diabo. Ele, muito bravo por ter sido deixado de fora, transformou as bruxas em pedras, as pedras da Praia de Itaguaçu, que tanto encantam turistas e moradores.

Uma placa no local conta a lenda de Cascaes.

Além do folclorista, outros artistas se inspiraram nos encantos de Coqueiros.

Zininho, por exemplo, compositor que criou o Rancho de Amor à Ilha, hino da cidade, adorava passear por Coqueiros. Mas não só ele. Luiz Henrique Rosa, também compositor e músico, se inspirava para compor suas letras de bossa nova nesse reduto que abriga seis praias.

Já Hassis, autor de obras como a calçada da Praça XV no Centro da cidade e de talvez um dos mais simbólicos quadros de Florianópolis, Vento Sul com Chuva, de 1957, escolheu o bairro como casa!

E seu cantinho é onde fica hoje a Fundação Hassis, cujo acervo é uma das fontes iconográficas mais ricas do estado de Santa Catarina e é aberto à visitação.

Mas existem outras atividades culturais imperdíveis no bairro.

O Instituto Collaço Paulo é um deles. Aberto em 2022 em Coqueiros, é um centro de arte e educação que dá acesso livre a um importante acervo artístico.

Mostras e ações que estimulam a reflexão, a vivência e o conhecimento são prioridades do espaço.

Fotos do Instituto: Elisa Imperial

É, o bairro tem passado por muitas transformações, com cada vez mais coisas a oferecer.

E ainda muito a relembrar…

E com certeza a Via Gastronômica de Coqueiros tem ajudado a criar memórias felizes de quem passa por ali.

fotos: Marcelo Feble

Esta história termina aqui.

O projeto do Guia Cultural Gastronômico de Florianópolis é totalmente patrocinado pela Secretaria de Turismo, Cultura e Esporte e Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura nº 3659/91.

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